Esta era uma mini travessia que já estava preparada a algum tempo. Ligar Oliveira de Azemeis a Trancoso (Celorico da Beira). Não era a primeira vez que andava por aquelas bandas (Trancoso) mas a ideia de efectuar o trajecto em automonia aumentava o desafio. O fim de semana de 12 e 13 de Julho foi o escolhido. Na preparação um objectivo fundamental é efectuar o percurso fora de estrada, pelo menos o mais possivel.
No sábado (12/06/2010) as 07:30 acordei cheio de vontade de pedalar e rápidamente me pus a pedalar em direcção a casa do Paolo Giacosa. Assim que nos encontramos seguimos rumo a Janardo via Nespereira e o estradão de acesso a Srª da Saúde. Um subidinha a maneira para aquecer.
Como após uma subida é provável ter uma descida lá nos deliciamos a velocidades elevadas monte abaixo. Basicamente o percurso levava-nos a Pessegueiro do Vouga pelo mato
através de Vilarinho de São Roque e Vilarinho de São Luis.
Subida perto de Santo Adrião
Após cruzarmos o Vouga foi sempre a trepar, por entre estradões de terra irregulares. Esta parte do percurso até Cambra é fantástica com umas valentes subidas á mistura.
Vista perto de Antelas
Uma das muitas fontes pelo caminho... Esta em Antelas
Perto de Porto Ferreiro a barriga começou a chamar a atenção e decidimos parar. Ao ver o nome deste restaurante comentei para o Italiano: " Ainda vamos comer uma valente feijoada" ...
Adivinhem o que era o prato do dia... :)
A acompanhar um finos bem fresquinhos. No final um bolo de bolacha e um café para rematar. Impecável... :)
Torre Medieval de Cambra
Por acaso já tinhamos almoçado caso contrário a Taberna do Lavrador em Cambra é uma excelente opção.
Igreja em Cambra
Ao sair de Cambra passamos por baixo da A25 para o lado sul. Aqui tivemos um trepa de cerca de 8 km em direcção a Adsamo. Toda ela em asfalto, os primeiros dois na aldeia e os restantes por uma estreita estrada de acesso ao topo do monte. Notava-se que era um acesso com muito pouca circulação. O asfalto ajudou pois em algumas fase a inclinação era entre 15 a 20 %. Assim que nos aproximavamos do topo a vista era cada vez melhor.
Em Adsamo paramos para abastecer água numa fonte onde ainda à bem pouco tempo passamos no GeoRaid de S. Pedro do Sul.
De seguida descemos em direcção a Vasconha (até agora só tinhamos feito esta longo e duro caminho a subir). De seguida rolamos rápido em direcção a Aval por entre uma vasta zona de pinhal com vegetação densa. Numa constante mudança de direcção dada a grande quantidade de curvas foi sempre a "bulir".
Após Queirela dirigimo-nos a Viseu onde dormimos na primeira noite. Ficamos no
Hotel Grão Vasco mesmo no centro da cidade. No final do dia visitamos a zona antiga e esperamos a hora de jantar na praça de D. Duarte junto a Sé com uns aperitivos e umas cervejas numa esplanada. Para o jantar esperava-nos o
Cortiço ao lado da Praça. O seu nome e reconhecimento gastronómica são de facto reconhecidos.
Após uma boa noite de sono acordamos nas calmas e tomamos um bom pequeno almoço. Partimos as 9:30 em direcção ao track na zona onde ficamos no dia anterior. Acompanhamos a A24 do lado norte em direcção a norte. Esta parte inicial foi um pouco lenta pois o caminho estava muito fechado e por várias vezes tivemos que desmontar. Após cerca de 6 km passamos por baixo da A24 e rumamos a Este em direcção a Sanguedinho das Maças. Após o cruzamento da A24 e até Trancoso todo o percurso é quase na totalidade fora de estrada, apenas é necessário cruzar algumas vias de menor movimento.
Descida do pinhal em direcção a Almargem
Em Almargem existe um pequena praia fluvial na margem do Rio Vouga. Infelizmente não pudemos vistar porque o complexo estava fechado.
Trilho ao longo do Vouga
Fomos pedalando durante cerca de 8 km ao longo do rio Vouga. Em alguns casos mesmo junto a marge. O trilho era no meio de uma vejetação muito verde e com as muitas árvores estavamos constantemente a sombra.
A subida ao Santuário de Santa Eufémia foi por entre o pinhal num estradão largo e rápido. Por todo o lado estavão grandes pedras, gigantes mesmo. Ainda andamos a pedalar por cima de algumas.
Este local, especialmente o monte de Santa Eufémia é uma gigantesca pedra, nunca vi nada assim. Vale a pena visitar.
Santuário de Santa Eufémia
Continuando o nosso caminho rolamos a velocidades elevadas por entre os estradões. Andamos muito tempo isolados das povoações enquanto as horas passavam.
O acesso ao senhor dos caminhos era por entre o pinhal com uma grande rede de caminhos. Predominantemente plano foi sempre a curtir e a levantar pó por estes trilhos até lá chegarmos.
Capela do parque do Senhor dos Caminhos
Aqui paramos para um recarregar baterias num pequeno café do parque. Ainda bem que o fizemos pois não sabiamos bem o que teriamos pela frente até ao final. Após uma sandes, uma Coca-cola gelada e um café seguimos viagem.
Até ao final os locais por onde passamos foram simplesmente fantásticos. Por entre vales e montes e foram algumas horas de puro BTT com a dureza das subidas e a adrenalina das descidas.
Em Cortiçada tinhamos um desafio duro pela frente. Este era o ultimo vale a atravessar. A descida efectuou-se de forma fácil e rápida, já a subida nem tanto devido a muita vejetação existente. Tudo era verde, muito verde. Parte da subida teve que ser feita a mão com a bike ao empurrão. Uma ou outra breve paragem, um respirar fundo enquanto se apreciava a paisagem e logo de seguida prosseguiamos. Aqui já as nossas reservas de comida e água estavm no fim. Estavamos sem comer há já cerca de duas horas.
A aldeia que iamos cruzar antes de Trancoso era Carapito e para o final ainda tinhamos que pedalar cerca de 25 km mais até ao fim. Assim e sem água decidimos pedir na aldeia a um dos moradores.
Na casa que escolhemos rápidamente comprovamos mais uma vez a hospitalidade e humildade das pessoas do interior. Nada faltou na mesa, desde o vinho tinto ao presunto. Bebam... Bebam... este não faz doer a cabeça... dizia o Sr. António Pires. :) Cheios de fome e sede estivemos num bom convivio cerca de 45 minutos por entre várias historias do Sr. António Pires.
Por entre mais um copo lá insistiu em mostar alguns dos seus tesouros e reliquias.
Vejam por exemplo estas duas Solex 1700 da Magnetti Marelli . Em óptimo estado estivemos a contêmplar estas maravilhas entre outras.
Após alguma insistência e cinco valentes copos de tinto acabamos por sair de Caratipo. O Sr. Pires dizia que tinhamos que subir até as antenas da serra do Pisco. :)
Lá arrancamos e por entre muitas gargalhadas fomos subindo. Nunca desmontamos mas estavamos com um calor enorme... hehe... o tinto era do bom. A baixa rotação a risota era frequente... e as antenas estavam bem longe.
A meio do caminho ainda paramos para refrescar. Estavamos com alguma sonolência... :) e muito bem dispostos.
Lá estavam as antenas na serra do Pisco... sempre a trepar.
Na subida já se via Trancoso do outro lado do vale. Este era o ultimo vale que iriamos neste caso contornar. Uma vez lá en cima respiramos fundo e atiramo-nos á descida. Já em estado normal é rara a descida onde não se eleve a adrenalina mas digo-vos já que esta foi uma loucura. Ainda meio anestesiados com o tinto fomos a picar pela encosta abaixo... Curva entre curva houve uma em que o Paolo saiu de pista. Eu não conseguia para de rir á gargalhada enquanto ele estava deitado no chão... Hehe... foi de chorar com o riso. Felizmente estava tudo ok até porque o piso era "confortável".
Recompostos retomamos o caminho contornando o vale. Ainda demoramos um bom bocado a chegar a Trancoso.
Este segundo dia acabou por se revelar duro não só devido a extensão e acumulado como também pelo cansaço do dia anterior.
Finalmente chegamos a Trancoso.
Rapidamente procuramos um lugar para reforçar as energias antes de rumar a Oliveira de Azemeis.
No total foram 222 km e 5515 m de acumulado.
Foi sem duvida um fim de semana a maneira. Uma excelente volta de BTT por entre trilhos fantásticos. Comeu-se e bebeu-se muito bem e ficam na memória boas histórias para recordar.
Este e outros tracks estão disponivel se necessitarem. É só solicitar.
Para o proximo mês já estou a preparar mais uma travesia do género.
Boas pedaladas