O contacto com esta prova começou quando tive a oportunidade de entrar en contacto com o António Queiroz da Ciclonatur. A experiencia adquirida no Freita Outdoor por mão do OriEstarreja serviu de base para a troca e partilha de opiniões sobre as áreas e percursos ideias para este tipo de prova. Desde o inicio fiquei cativado por este evento e ao conhecer melhor a envolvente da prova tive de imediato vontade de participar.Juntamente com o Joaquim Pereira decidimos aceitar o desafio e assim nos inscrevemos como Bfour - K2BTT.
Primeira etapa – Sábado dia 25 de Abril
A primeira etapa era a mais longa e difícil. Com cerca de 110 km e 4000 metros de acumulados prevíamos passar muitas horas com a nossa companheira de duas rodas.
Após o arranque os primeiros km foram realizados a velocidade moderada. A orientação com o GPS não é difícil mas sendo a primeira vez levou alguns minutos a ficarmos com a percepção da distancia em função do caminho percorrido. Escusado será dizer que alguns enganos foram cometidos mas facilmente recuperados. Após rolarmos de S. P. do Sul até Sul começamos a subir em direcção ao São Macário. Por estradas e carreiros de fácil progressão passamos pela aldeia de Macieira. Durante o nosso andamento já passávamos equipas que tinham saído mais cedo devido à sua bonificação de idade. De facto foi uma constante até ao final. Após a saída de Macieira a subida até ao topo do São Macarío era feita por um estradão que serpenteava a encosta em direcção ao ponto mais alto. Conforme a organização alertou o frio fez-se sentir mas não acabou por ser problemático.
Já pertinho do topo passados 25 km já tínhamos registado mais de 1250 metros de acumulado. Desta distância até cerca do km 90 já era território conhecido o que nos levou a alguma contenção no andamento procurando uma óptima gestão da condição física.
A ligação até ao alto de Regoufe por estrada e levou-nos à passagem pelo portal do Inferno. Já perdia a conta das vezes que passei por este local mas a paisagem é de tal forma contagiante que parece que é sempre a primeira vez. Em baixo a aldeia da Pena.
A descida para Drave foi realizada com muito cuidado. Assim que saímos de estrada desde o Alto de Regoufe foi hora de por mãos aos travões. Na verdade além de muito íngreme a quantidade de pedra dificultava a progressão. “Saltando” de pedra em pedra fomos descendo até que encontramos a equipa Geapro com problemas.
Lá estava o Vasco com dificuldades e a quebra do “dropout” impediu-os de concluir a etapa. Sem duvida que um elemento fundamental é não ter problemas mecânicos. Já é difícil superar estes desafios e por vezes nas descida um abuso maior põe tudo a perder.
Após a subida desde Drave dirigimo-nos à Coelheira. Aqui tínhamos previsto a primeira paragem para abastecer água na fonte. Víamos outras equipas no café e a vontade de entrar existia mas não fazia parte do programa, refiro que a estratégia que definimos foi fundamental para manter o ritmo e só parávamos para água e o mínimo tempo possível. Assim e com mais cerca de 3 litros de água montamos no selim e seguimos caminho. Já esperava a passagem pela Fraguinha e o caminho escolhido foi mais uma vez com muita pedra e obrigava a desmontarmos… A descida do novo parque éolico para as minas Chãs voltou a maçar o corpo mas o ritmo imposto permitiu alcançar mais equipas. Trocava-mos algumas palavras e seguíamos. Chegados a Cabreiros sabia que tínhamos muitos km de estrada até ao Cando. Mais um ponto onde iríamos “atacar”. Com a ajuda do Quim seguimos a bom ritmo e começamos a aproximar da dura subida para o Cando (no cruzamento com a estrada nova). Víamos mais equipas e só pensávamos que era uma questão de minutos. Seguia na roda do Quim e rapidamente chegamos a paragem de autocarro no Cando mas “não tiramos bilhete”. Cruzamos com mais equipas com handicap surperior ao nosso e era uma motivação para nós. Já no planalto da Freita o andamento foi extremamente rápido e após cruzarmos Portela de Anta seguimos em direcção a Gestoso, Gestosinho, Abundância e Manhouce. Estas passagens voltariam a trazer muita pedra e o conhecimento do local ajudou a evitar locais perigosos. Estávamos bem fisicamente mas tb já sentíamos algum cansaço. Em Manhouce voltamos a para água. Encher o cantil e seguir pois mais dois atletas já seguiam em direcção a Campo de Anta.
A subida era progressiva e rolante e facilmente passamos a outra equipa que avistávamos. Até este ponto já deveríamos ter cerca de 85 km e 3500 metros de acumulado. Fizemos uma óptima gestão da alimentação e entre sandes e muita comida energético o corpo começou a ressentir-se do esforço. Estávamos ambos a ficar com fome mas eu repentinamente sentir fraquesa e por momentos até pensei que a prova fosse ir ficar por ali. Sem comida foi uma barra energética do Quim que me salvou. Ambos a pé e enquanto eu me deliciava com a barra o Quim empurrava as duas Bfour estradão acima. A equipa que tínhamos passado alcançou-nos e progrediu no terreno. Também ofereceram assistência (é sempre habitual esta camaradagem independentemente do factor competitivo). Dividimos ainda um gel e comecei-me a sentir muito melhor. Montamos e seguimos ligeiro durante uns minutos. O Quim incentivava e eu esperava recuperar rápido. Assim foi, passados 5 min já estávamos novamente em ritmo de cruzeiro (se não tivéssemos comia estava feito e levamos muita, mas uma barra nunca é demais). Antes do topo de Campo de Anta já tínhamos passado novamente a equipa com quem nos cruzamos e foi um esforço final. Sabíamos que a cerca de 1km iríamos começar a descer. E que grande descida em direcção a S. Pedro do Sul. Inicialmente em estrada atingimos velocidades acima dos 65 km/hora e estávamos com o ânimo em alta. Já comentávamos, falta pouco, agora é sempre a descer. O ritmo foi impressionante procurando gastar os últimos cartuchos. Faltavam 20 km e nestes fizemos média de 18 km/h. Com o Quim a puxar nas estradas que tínhamos pelo percurso alcançamos ainda mais duas equipas. A aproximação a S. P. Sul trazia uma anciedade enorme. Orientado-me pelo GPS já procurava encontrar locais familiares e rapidamente visualizamos a cidade e o acesso ao Hotel do Parque. Foi uma satisfação enorme cortar-mos a meta. Fantástico mesmo. Muita malta a assistir e a felicitar todos os atletas. Após estacionarmos as máquinas dirigimo-nos ao salão do secretariado. Sabia que um lanche reforçado no esperava. Estava esganado de fome mas foi surpreendido pelo que vi. Enquanto o Quim entregava o GPS para confirmação do nosso percurso já estava eu de volta de todo o manjar preparado pela Organização. Bom, estava de mais, com muita qualidade e quantidade enchemos a barriga até não dar mais. Achei este conceito muito interessante porque de facto estavam todos os atletas a comer e a partilharem as opiniões sobre a prova. Gerou-se um convívio entre todos. A nossa surpresa foi quando ao afixarem as classificações vimos a nossa equipa em 9º Lugar.Depois de preparar-mos a bike para o dia seguinte fomos ao jantar buffet no Hotel. Um grande manjar no salão do hotel juntamente com as duas equipas dos MulaRaider’s (S. Maria da Feira). Já se discutia estratégias para o dia seguinte e a rivalidade em jeito de brincadeira vinha ao de cima. O dia concluiu-se com um massagem de recuperação que ajudou imenso para o dia seguinte.
Segunda etapa – Sábado dia 25 de Abril
Segunda etapa – Sábado dia 25 de Abril
Acordamos cedo e descemos ao salão do hotel para o pequeno almoço. O evento já rolava e já tinham partido as primeiras equipas. Muitas ainda rumavam ao pequeno almoço e havia um frenesim no ar. Reforçamo-nos bem e definíamos estratégias para o dia. Tínhamos apenas 72 km e cerca de 2000 m de acumulado. O objectivo era ir a fundo. Ao sinal da partida ainda o corpo não tinha aquecido devidamente e já rolávamos a 30 km/hora. A parte inicial foi muita rápida e assim como passamos muitas equipas também fomos passado por algumas. A dupla João Marinho e José Silva foram os primeiros. Com um andamento muito forte facilmente se distanciaram de nós. Pareciam motas… Heheh. Iria dizer que ao avaliar o tempo final deles devem ter ido sempre a esse ritmo. Estávamos bem fisicamente e recuperados do dia anterior (a massagem de recuperação do dia anterior ajudou muito) por isso mantivemos um ritmo vivo. Parte do percurso incluía um longo singletrack de alguma dificuldade técnica. No dia anterior já a organização falou dele e que seria do agrado de todos. Assim foi, no meio da vegetação serpenteamos a encosta do monte por um carreiro estreito e com muitos altos e baixos.
A dificuldade do dia aproximava-se, a subida ao marco geodésico de Janus era dura mas felizmente o piso era bom. Deste modo e com insistência trepamos o monte rapidamente. Foi neste período que passamos muitas equipas e juntamo-nos a duas equipas com um ritmo muito semelhante. Foi um período de conversa principalmente com os GR ou não fosse o Quim um “comunicador nato” . Por vezes lá ia ele com outra equipa enquanto eu ficava ou pouco para trás. Fazer uma prova deste género com alguém mais forte leva e que se faça uma gestão controlada do esforço. Nesta matéria estivemos mt bem como equipa e o trabalho de conjunto permitiu gerir muito bem esta diferença.
Já ao chegarmos ao topo senti uma motivação acrescida. Estávamos com um andamento forte e a dificuldade tinha passado. Predominantemente a descer agora teríamos que rolar muito rápido e com atenção à navegação. Tomei a dianteira e lá fomos. Por vezes não era fácil a navegação pois independentemente da resposta rápida do GPS só em cima do acontecimento é que confirmávamos a alternativa correcta.
Nos cerca de 20 km finais tivemos alguns desvios do percurso. Facilmente os corrigíamos mas o relógio não parava e fomos penalizados um pouco por isso. Faz parte do desafio da prova e é este misto de btt com navegação que faz destas provas um espectáculo. Mais junto ao final varias equipas se reunião e progrediam em conjunto. Conseguimos distanciarmo-nos alguns metros e recordo-me bem de olhar para o GPS e de ver a velocidade a mais de 30 km/h no estradão que antecedia a meta.
Abrandamos junto à chegada e festejamos ao cortar a meta. Após o reforço alimentar as classificações colocava-nos no 12º lugar da etapa do 2ºdia. Os pequenos enganos colocavam-nos atrás poucos muitos de várias equipas. Independentemente disto o resultado foi muito bom. De salientar o 2º lugar da equipa Geapro que no dia anterior teve problemas mecânicos.Até a entrega de prémios vimos muito mais equipas chegar e já se falava no GeoRaid da Serra de Estrela. Tendo sida a primeira vez a fazer uma prova organizada pela Ciclonatur constatei o que bem se fala da capacidade de organização deste tipo de eventos. Parabéns por um evento fantástico. Mais info em http://www.geo-raid.com/
1 comentário:
Fernando, parabéns pelo post, li-o de uma maneira atenta e dei por mim a reviver algumas situações. 5 Estrelas. Já pus o vosso blog nos nossos "compinchas amigos".
Abraço.
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